Um dos questionamentos que mais recebo com relação à organização de vida pessoal é sobre como manter-se em linha reta, vivendo num ambiente onde somos requisitados e instigados o tempo todo a sairmos de nossa rota pessoal. É um parente que pede ajuda justamente no dia em que planejamos fazer algo para nós mesmos, são os colegas de trabalho que pedem constantemente auxílio, são atividades simples ou dispensáveis que levam mais tempo que o necessário ou planejado, é o chefe que delega mais tarefas do que você é capaz de realizar, são as oportunidades imprevistas que surgem e o deixam indeciso se a melhor opção é segui-las ou continuar no trajeto já iniciado. Há quem simplesmente não consiga sair desse círculo vicioso e realizar os próprios objetivos. Há ainda aqueles que não possuem objetivos e neste caso, organizar a vida torna-se uma tarefa quase impossível, pois a “linha reta” a ser seguida simplesmente não existe!
Se não estamos no comando de nossas vidas, ela está sendo guiada pelas pessoas à nossa volta. O efeito na auto-estima é devastador, a pessoa, com o tempo, deixa de acreditar que tem o poder de decisão sobre a própria vida, tornando-se uma marionete passiva, aguardando que outros a manipulem.
“A tarefa do homem é simples: ele deve parar de permitir que sua existência seja um acaso inconseqüente.” Nietzsche
A resistência ao planejamento, principalmente do povo brasileiro, é grande. Parece romântico, poético dizer que prefere viver a vida ao “sabor do vento”, deixar o destino guiar, não interferir na vontade de Deus, etc. Acreditar que o planejamento irá torná-lo uma pessoa metódica, manipuladora ou chata é comum. Também é usual pensar que sem planejar nada, a vida o levará poeticamente a realização de todos os seus sonhos, ou que mesmo sem sonhos, seu destino será belo e próspero. Igualmente, há o medo de planejar, pois a sensação de fracasso ao não se conquistar o que se quer machuca o ego e corrói a auto-estima.
Estudando os casos de sucesso pessoal, observei que são muito poucas as estórias de êxito atribuídas ao acaso. As sincronicidades acontecem, entretanto. O problema é que quando não se está focado num objetivo específico, é muito fácil não nota-las ou até mesmo optar pelo caminho errado ao maravilhar com uma “coincidência” que parece ser um golpe de sorte. A maior parte das pessoas que atingiram sucesso na vida profissional e pessoal tinham uma clara noção de onde queriam chegar, mesmo sem elaborar um planejamento detalhado.O título deste artigo, no entanto, é sobre a “arte de dizer não”. Você deve estar se perguntando, o que toda essa introdução tem a ver com essa “habilidade”?
Saber dizer “não” é um privilégio desejado por muitos, mas conquistado por poucos. O “não”, entretanto, é a pedra fundamental de uma vida organizada e direcionada ao sucesso. Com tantos estímulos, opções, solicitações e pedidos de outras pessoas ao nosso redor, se você não souber dizer não, dificilmente conseguirá concentrar-se em seu próprio caminho. E aí está o motivo principal da introdução deste artigo. Se você não sabe QUAL o seu “próprio caminho”, ou seja, se não tem objetivos definidos, não há porque “dizer não”, pois você não tem prioridades. Essa ausência de foco faz com que você considere importante muita coisa que não é e aceite pedidos de terceiros para realizar tarefas e favores, mesmo sem querer fazê-lo, porque não sabe como recusar, e essa dificuldade, muitas vezes não vem da timidez ou do receio de parecer antipático, mas da sensação interior de que o pedido do outro é realmente mais importante do que qualquer coisa que você tenha para fazer. Muitas pessoas não têm certeza do que querem da vida e por isso são vulneráveis e tendem a reagir passivamente diante de pessoas bem intencionadas ou de causas justas.
Planejar a própria vida, portanto, é uma medida profilática, um tipo de “medicina preventiva”, quanto aos possíveis males causados pela interferência externa. Quando você não tem um direcionamento, algo certo a fazer, dizer não torna-se mais difícil. O outro coloca seu problema como importante, e como você não sabe o que é importante para você, sente-se culpado dizendo não. Ninguém é indispensável, assim como ninguém consegue fazer tudo. Estabelecer o que é importante para você é essencial para que você delimite sua área de atuação no dia-a-dia e consiga dizer não com tranqüilidade, sem sentir-se egoísta ou antipático. Quando você sabe exatamente o que estará fazendo e porque, acabará rejeitando as propostas e pedidos alheios, não por egoísmo, mas por necessidade. Um dos maiores segredos da administração eficaz do tempo é concentrar seus esforços em suas prioridades e descartar o que for irrelevante.
O “dizer não” se torna uma arte quando você consegue fazê-lo com autoconfiança, sentindo-se bem com a decisão e sabendo que a recusa foi necessária para que você continuasse em linha reta, seguindo seus objetivos. Nem sempre a contraparte irá compreender seus motivos, podendo acusá-lo de ser egoísta, insensível ou não-cooperativo. Você deve estar consciente, entretanto do fato de que o principal “segredo” do fracasso é tentar agradar a todos. Se você pensa desta forma, e tem dificuldade de quebrar as expectativas alheias quanto à sua pessoa e parecer antipático, dizer não será muito difícil, e consequentemente a realização dos seus objetivos pessoais ficará comprometida. Mas afinal, o que é mais importante para você, manter a pose de bonzinho ou realizar os seus sonhos?
Autor: Franciane Ulaf
Eu sei bem o que é isso...
ResponderExcluirHoje falo não, doa a quem doer...
Só que pago muito caro por isto.
bjs